TOXOPLASMOSE… A CULPA NÃO É DO GATO

“A contaminação no homem pelo Toxoplasma gondii acontece principalmente devido ao consumo de leite em natura de vaca e de cabra em natura, carne crua ou mal cozida de boi e principalmente de porco (salsichas, linguiças que não fiscalizadas)…, água contaminada em lugares onde não há saneamento básico, areias e terras contaminadas com fezes de animais doentes.”


 

TOXOPLASMOSE

(Dra. Vanessa Pimentel, Médica Veterinária especialista em felinos*)

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A Toxoplasmose é uma doença infecciosa causada por um parasita denominado Toxoplasma gondii.

É um parasita predominante em felinos ao redor do mundo apesar de outras espécies também poderem ser infectadas.

O gato apresenta a característica ímpar de ser o único hospedeiro definitivo do parasita, o que significa que  o organismo precisa passar pelo gato para completar todos os estágios do seu ciclo de vida.

Os gatos geralmente se tornam infectados quando se alimentam de roedores, alguns tipos de insetos, e também através da ingestão de carne mal cozida.

Apesar de gatos que têm acesso à rua apresentarem maiores chances de serem infectados, gatos que permanecem exclusivamente dento de casa também podem adquirir a doença.

Uma vez que o sistema imune tenha sido exposto ao organismo responsável pela Toxoplasmose, anticorpos serão produzidos.

Anticorpos (também conhecidos como globulinas) desempenham um importante papel de proteção no sistema imune.

No entanto, a detecção de anticorpos contra Toxo significa APENAS que a pessoa ou o gato foram expostos.

Isso NÃO significa que a Toxoplasmose ativa esteja presente.

Nos Estados Unidos, cerca de 30% a 50% dos gatos apresentam anticorpos contra Toxo.

Estima-se que cerca de 1/3 dos seres humanos já foram expostos.

No entanto, tais estatísticas não significam que gatos e seres humanos com positividade para anticorpos têm Toxoplasmose.

A presença de anticorpos significa apenas que exposição ao organismo da Toxo ocorreu no passado.

Em seres humanos, os sinais clínicos raramente são aparentes quando o sistema imune encontra-se normal.

Se sinais de doença estiverem presentes, estes geralmente são auto limitantes e inespecíficos.

A maioria dos sinais clínicos resultam de replicação do organismo dentro dos tecidos.

O sistema respiratório pode estar envolvido, dando a impressão de que se trata de uma gripe.

Em outros casos, pode parecer semelhante a mononucleose, com febre e aumento dos linfonodos.

Em seres humanos com sistema imune comprometido (como pacientes com AIDS ou aqueles em quimioterapia), as consequências da Toxoplasmose podem ser devastadoras, eventualmente levando à morte do indivíduo.

Em gatos, os sinais clínicos mais comuns estão relacionados com alterações inflamatórias nos olhos.

O sistema respiratório, fígado, cérebro e medula espinhal também podem estar envolvidos, com sinais de pneumonia icterícia (mucosas amarelas) ou convulsões.

Proprietários que estejam preocupados quanto à infecção por Toxoplasmose devem procurar seus médicos para testes.

Os veterinários são frequentemente questionados a testar gatos que pertencem a mulheres grávidas.

Mulheres gestantes devem estar atentas aos seguintes pontos quanto a testes para Toxoplasmose:

– Um teste para anticorpos contra Toxoplasmose pode ser realizado tanto em mulher gestante quanto no gato.

– Um resultado negativo significa que a mulher (e/ou o gato) não foram expostos ao organismo da Toxoplasmose.

– Uma simples titulação de anticorpos positivos, realizada no gato e/ou na mulher, significa que já houve exposição ao organismo da Toxoplasmose em algum momento de suas vidas.

– Para se determinar se a infecção é ativa, um segundo teste deve ser realizado 2-4 semanas depois.

Esteja ciente de que não existe nenhum teste capaz de determinar que uma infecção tenha ocorrido através do contato direto com um gato.

Se ambos os testes apresentarem resultados similares, ocorreu uma infecção no passado e um certo grau de imunidade existe.

Se o segundo teste estiver significativamente mais alto que o primeiro existe uma grande possibilidade de que um caso ativo de Toxoplasmose esteja ocorrendo.

É muito importante que ambos os testes sejam realizados pelo mesmo laboratório para que os resultados possam ser comparados de maneira apropriada.

Exames de fezes são de pouco auxílio para a determinação da presença ativa da Toxoplasmose no gato.

A maioria dos gatos eliminam o organismo uma vez na vida e apenas por um período de poucos dias.

Clindamicina é o antibiótico de eleição para tratamento de gatos com Toxoplasmose.

Não há evidências que indiquem que esta droga seja capaz de remover completamente o organismo do corpo do gato, apesar da maioria dos gatos apresentarem melhora dentro de 2 a 3 dias após início do uso da medicação.

Infecções que envolvam os olhos e o cérebro são mais difíceis de serem tratadas.

Em geral, melhores resultados são obtidos quando os gatos são tratados por 4 semanas ou mais.

Gatos que respondem à terapia com clindamicina e são negativos para os vírus da leucemia e imunodeficiência felinas apresentam um bom prognóstico.

Aqueles gatos que apresentam sistema imune mais fraco, em estágios avançados da doença ou em casos de infecção do sistema nervoso central, apresentam prognóstico reservado.

Conforme mencionado acima, diversas espécies podem desenvolver a doença Toxoplasmose, incluindo seres humanos e cães, mas o organismo só consegue completar seu ciclo de vida dentro do gato doméstico.

Isso significa que o gato pode estar infectado com o organismo da Toxo e transmiti-lo a outros gatos ou outras espécies, incluindo seres humanos.

Os tutores de gatos devem estar atentos que a infecção em seres humanos resultantes do contato direto com gatos infectados é extremamente improvável.

Para que a infecção ocorra…

O gato tem que estar infectado com o organismo da Toxoplasmose.

A infecção do gato (e outros carnívoros) vem da ingestão de ratos ou ingestão de carne mal cozida, como porco e carneiro.

Outras fontes de infecção para gatos inclui baratas e minhocas.

O gato tem que estar eliminando o organismo nas fezes.

Isso ocorre somente por aproximadamente 10 dias.

Isso ocorre apenas uma vez em toda a vida do gato.

Os organismos nas fezes do gato têm que ter 5 a 10 dias para esporularem (“incubarem”).

Esta “incubação” tem que ocorrer depois que as fezes saem do organismo do gato (5 a 10 dias após).

Portanto, fezes frescas não podem causar a transmissão da infecção a seres humanos.

O organismo da Toxoplasmose tem que ser engolido pela pessoa que esteja sendo infectada.

O Toxoplasma gondii não é disseminado a seres humanos através do ar; precisa ser ingerido.

O organismo da Toxoplasmose pode ser transmitido a seres humanos através da ingestão de carnes cruas ou mal cozidas, especialmente porco ou carne de carneiro.

Uma vez que muitos hambúrgueres de restaurantes chamados “fast-food” são feitos com carne de boi misturada com carne de porco, a infecção de seres humanos ocorre muito mais frequentemente desta maneira do que através das fezes dos gatos.

Apesar de se tratar de uma doença com consequências ruins, é importante lembrar que a Toxoplasmose ocorre raramente, especialmente considerando o número de pessoas com anticorpos contra Toxoplasmose.

Em pacientes com AIDS e Toxoplasmose, a doença geralmente é considerada uma reativação de uma infecção prévia e não o estabelecimento de uma nova infecção.

Por esta razão, geralmente é desnecessário retirar gatos da residência de pessoas infectadas pelo HIV.

Maneiras práticas de se prevenir uma infecção:

– Não permita que seu gato se alimente de ratos ou carnes mal cozidas.

– Alimentar seus gatos com ração e não permitir que tenham acesso à rua reduz a possibilidade do gato tornar-se infectado.

– Limpe as fezes da caixa de areia do seu gato diariamente.

– Mesmo que as fezes estejam infectadas com oocistos da Toxoplasmose, eles precisa permanecer na vasilha de areia sanitária (para incubação) por 1 a 5 dias antes de se tornarem infectantes. Para segurança extra, mulheres gestantes não devem limpar as vasilhas de areia sanitária.

– Quando estiver trabalhando com solo (ou canteiros de flor) onde gatos podem defecar, use luvas.

– Evite se alimentar de carnes cruas ou mal cozidas.

– Esteja especialmente atento a hambúrgueres de fast-food.

– Lave bem as mãos após manipulação de carnes cruas.

– Lave bem tábuas, facas e todos os outros utensílios utilizados na preparação de carnes cruas.

– Lave todas as frutas e vegetais antes de ingeri-los.

– Mantenha caixas de areia de crianças brincarem sempre cobertas. Gatos que têm acesso à rua frequentemente utilizam tais caixas de areia para defecarem. Mesmo que as fezes sejam removidas, a caixa de areia pode permanecer contaminada com parasitas.

Curiosidade:

A incidência de anticorpos contra Toxoplasmose em Veterinários (profissionais que manipulam gatos diariamente) não difere do restante da população.

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* Dra. Vanessa Pimentel, Médica Veterinária

Coordenadora da “Clínica Só Gatos” de Brasília/DF,

Mestra em Medicina Veterinária, especializada em Medicina Felina com aperfeiçoamento nos EUA

Membro da Associação Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFel).

http://www.clinicasogatos.com.br/duvidas/toxoplasmose.html


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TOXOPLASMOSE E OS GATOS

 

Gatos são injustamente acusados de serem os principais transmissores da toxoplasmose.

A toxoplasmose é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Toxoplasma gondii.

Ocorre tanto no homem, como em animais de companhia, de produção e silvestres.

O Toxoplasma gondii possui três formas infectantes em seu ciclo de vida: oocisto, bradizoítos contidos em cistos, e taquizoítos.

É na primeira forma – oocistos – que os felinos têm sua participação.

Apesar de gatos e outros felinos serem os hospedeiros definitivos (ou seja, somente neles haver a reprodução dos parasitos), menos de 1% da população felina participa da disseminação da doença.

Eles só podem transmitir a toxoplasmose através de suas fezes, meio pelo qual expelem os oocistos (ovos) da toxoplasmose, provenientes da ingestão dos cistos que ficam no tecido de animais como ratos e pássaros.

Mesmo assim, estes oocistos só podem infectar uma pessoa ou outro animal se eles estiverem “esporulados”.

Este processo de esporulação só é possível se o oocisto permanecer exposto a temperaturas acima de 36ºC por no mínimo dois dias, quando então, se torna infectante.

E o mais importante: para transmitir a toxoplasmose, este oocisto deve ser ingerido.

Portanto, o simples contato com o animal, com seu pelo, ou até mesmo com suas fezes “frescas” são insuficientes para levar a uma infecção por toxoplasmose- razão pela qual as infecções por contato direto com gatos excretando oocistos são extremamente improváveis.

Em geral, os gatos defecam e enterram suas fezes em terra fofa ou areia. A menos que o gato esteja doente, pouco ou nenhum resíduo fecal fica aderido à região perianal. Isso se deve aos seus cuidadosos hábitos de limpeza.

Formas de transmissão

A via mais frequente da transmissão da toxoplasmose ocorre por meio da ingestão de carnes cruas ou mal cozidas, ou ainda verduras mal lavadas, recém-colhidas em um pasto aberto.

A infecção pela carne pode dar-se ainda pela manipulação da carne crua, ou contato com superfícies contaminadas de preparação de alimentos, facas e outros utensílios.

Os grupos populacionais mais expostos ao risco de infecção por Toxoplasma são as crianças de baixa idade e as pessoas que não apresentam sorologia positiva para toxoplasmose, principalmente quando manipulam carnes e produtos cárneos crus.

Saiba mais sobre a relação entre os gatos e a toxoplasmose

Chamada por algumas pessoas pelo triste apelido de “Doença do Gato”, a toxoplasmose ainda é uma doença cercada de mitos quanto à sua infecção, principalmente quando se trata da participação dos gatos.

Muitos permanecem com a crença de que a proximidade com felinos de origem desconhecida representa um alto risco para contração da toxoplasmose.

Essa informação equivocada, e infelizmente, já disseminada na sociedade, certamente configura um dos grandes motivos que acarretam em abandono, maus tratos e principalmente, o aumento do preconceito em relação aos felinos.

O fato, por exemplo, de a toxoplasmose trazer implicações sérias para o feto quando contraída durante a gravidez alimenta ainda mais reações negativas em relação a esses animais.

Entretanto, o contato com os gatos – mesmo que sejam os principais hospedeiros da doença – representa ameaça praticamente nula de transmissão da toxoplasmose.

 

Sintomas da toxoplasmose nos gatos

Nos gatos, a doença é pouco frequente e os sintomas clínicos são, na maioria das vezes, inespecíficos e difíceis de identificar.

Um gato infectado pode apresentar depressão, anorexia (falta de apetite), febre, efusão peritoneal (acúmulo de líquido no abdômen), icterícia (pele mucosas amareladas) e dispnéia (falta de ar). É possível também haver alterações oculares, como uveítes, e, em fase mais avançada, sintomas neurológicos como convulsões, tremores e paralisias.

Cabe lembrar que estes sintomas da toxoplasmose aparecem com mais frequência em filhotes, idosos ou animais com sua imunidade comprometida.

 

Formas de prevenção da toxoplasmose

Para prevenir-se da infecção por toxoplasmose, são recomendadas ações simples, como:

Manter boa higiene e lavar as mãos depois de manipular alimentos crus;

Todos os utensílios e equipamentos que entram em contato com carne crua devem ser cuidadosamente lavados com água e sabão;

A medida preventiva mais importante consiste no cozimento adequado: os cistos morrem se a carne for inteiramente submetida a uma temperatura de 65ºC e mantida nessa temperatura durante 4 a 5 minutos;

A rotina de lavar as mãos antes de se alimentar deve ser adotada. Luvas devem ser utilizadas quando houver a necessidade de se trabalhar com terra ou areia, pois podem estar contaminadas com fezes de gatos;

Os gatos domésticos devem ser mantidos no interior de residências com o mínimo de contato com o meio externo, com alimentação controlada e a oferta de ração ou alimentos que sofreram tratamento térmico adequado;

As fezes dos gatos e o material de forração de seus leitos devem ser eliminados diariamente, antes que os oocistos tenham tempo de esporular;

Quando se utilizam caixas de areia para a defecação dos gatos, estas devem ser tratadas periodicamente com água fervendo, para destruir os oocistos eventualmente existentes;

Os tanques de areias para recreação de crianças devem ser cobertos quando não estão em uso, ou cercados de modo a impedir o acesso de gatos;

Combater vetores mecânicos (insetos, principalmente baratas), pois eles também são responsáveis pela contaminação de produtos de origem animal e vegetal.

E uma observação muito importante:
não existem impedimentos para que pessoas – imunocomprometidas, como portadores de HIV,  e mulheres em gestação – convivam com gatos, desde que todas as medidas básicas de prevenção citadas sejam realizadas.

Fonte: http://www.worldanimalprotection.org.br/nossotrabalho/Caesegatos/controlededoencas/toxoplasmose/


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TOXOPLASMOSE  e  A ÉTICA NA PROPAGAÇÃO DE INFORMAÇÕES

(Andréa Lambert, médica veterinária* e Renata de Freitas Martins, advogada*)

Tendo-se em vista a forte divulgação de informações preconceituosas e errôneas a respeito da toxoplasmose, imputando aos gatos toda a culpa por sua transmissão, abordaremos a seguir sobre o assunto, esclarecendo de vez certas “lendas”.

Toxoplasmose é doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii.
O parasita é capaz de invadir, naturalmente, qualquer organismo animal de sangue quente (homeotermos), nos quais se multiplica em ciclo assexuado.
É parasita estrito do interior da célula (intra celular), e principalmente células do sistema nervoso central, endotélios e dos músculos estriados como o são aqueles esqueléticos e do coração (miocárdio). Sua transmissão, diferentemente do que a cultura popular prega, não é dada exclusivamente por fezes de gatos. Aliás, muito pelo contrário.

O modo mais comum de transmissão da toxoplasmose é a ingestão alimento contaminado, principalmente carnes cruas e mal cozidas.

Quando um ser humano tem seu primeiro contato com agente causador da Toxoplasmose, ele pode desenvolver sintomas semelhantes aos de uma gripe, como dores no corpo, tosse, entre outros.
As defesas do organismo costumam ser suficientes para conter o processo, embora pessoas com deficiências imunológicas (portadores de AIDS e câncer , por exemplo) possam desenvolver sintomas graves em função dessas infecções.
O parasita pode ainda retornar caso a imunidade seja afetada no futuro.
Após esta primeira infecção o indivíduo normal ganha imunidade contra a doença.

O grande perigo da infecção ocorre quando uma mulher gestante entra em contato com o Toxoplasma pela primeira vez em sua vida e desenvolve a infecção, mas a mulher gestante pode se prevenir não comendo alimentos crus ou mal-cozidos, usando luvas ao fazer jardinagem (lavando as mãos depois) e limpar cuidadosamente o material que irá entrar em contato com carne crua, como a tábua de cortar carne. É bom que a gestante possa saber se já tem ou não anticorpos contra a Toxoplasmose, até para poder regular o grau de atenção para as medidas preventivas. Isso se consegue por meio de um exame de sangue.

Assim, a divulgação de informações de forma equivocada, além de ser prejudicial aos gatos, também faz com que a omissão na informação da transmissão por meio da alimentação, por alimentos como leite em natura (sem pasteurização), verduras e carnes mal passadas contaminadas, que é a grande fonte de infecção, é um grande erro no ponto de vista sanitário e de saúde pública, pois nega à população uma importante informação para a prevenção da contaminação. Assim o preconceito sempre estará acima da verdade e informação.

Neste mesmo sentido discorre Nara Amélia da Rosa Farias, in “Toxoplasmose: Realidade e Preconceitos”, Revista Acadêmica de Medicina Veterinária da Faculdade de Veterinária- UFPel- v.01,n.02 , 02/2002:

“(…) ainda existe uma grave falta de informação entre os profissionais da área da saúde e, consequentemente, do público, quanto aos riscos de infecção dos humanos a partir de seu gato de estimação. Por isso, ainda são frequentes recomendações preconceituosas e sem embasamento científico feitas por médicos e veterinários, quanto aos animais de estimação. O conhecimento de características biológicas e epidemiológicas do parasita esclarece os verdadeiros riscos de infecção para o homem e os animais, tornando possível a recomendação de medidas realmente efetivas para seu controle.”

Um trabalho de informação à população é fundamental para se esclarecer sobre a toxoplasmose e evitar a contaminação.

Aliás, sobre este assunto, muito bem nos ensina o insigne promotor de Justiça, Dr. Laerte Levai, em seu livro “Direitos dos Animais”:

“Não é justo discriminar os gatos pela transmissão da toxoplasmose, mesmo porque esses animais têm costumes higiênicos bem apurados (enterram nas próprias fezes e demonstram asseio corporal). O que pouca gente sabe, no entanto, é que os gatos – em regra quando pequenos – eliminam naturalmente o toxoplasma, ficando livres, em definitivo, do protozoário. A situação de penúria e abandono que, tantas vezes atinge os bichanos, fazendo com que eles precisem caçar para sobreviver, pode eventualmente trazer a doença. Nesta hipótese, medidas efetivas de conscientização ambiental e de posse responsável mostram-se fundamentais para enfrentar o problema”.

Portanto, pelo breve exposto, é notório que a contaminação de toxoplasmose por meio do contato com gatos é mais uma das maldosas lendas urbanas, e, infelizmente, adotada por muitos, e inclusive pela imprensa, que, infelizmente, deixa de cumprir seu próprio Código de Ética do Jornalista:
“Art. 2º: A divulgação de informação, precisa e correta, é dever dos meios de comunicação pública, independente da natureza de sua propriedade”.

Ética nos meios de comunicação é essencial para a correta disseminação de informações e consequente formação de uma sociedade com atitudes corretas e justas!

É importante salientar que o contato direto com o gato, não representa risco de infecção para o ser humano, pelos motivos a seguir expostos:
– o período de eliminação de oocistos é muito reduzido;
– os oocistos precisam de mais de um dia no ambiente para se tornarem infectantes;
– o contato com fezes frescas não representa risco.

Este fato, somando-se aos hábitos de higiene do animal, faz com que não permaneçam resíduos fecais na região perianal, nem em sua pelagem, eliminando o risco de infecção dos humanos que o acariciem.
Mordidas e arranhões de gato são improváveis formas de transmissão do protozoário, uma vez que, mesmo durante a fase aguda da doença, dificilmente existirão taquizoítos na cavidade oral do felino, e nas unhas essa possibilidade é nula.

* Andréa Lambert, Médica Veterinária, presidente da ANIDA-RJ – http://www.animaisdecirco.org

* Renata de Freitas Martins, Advogada, Departamento Jurídico da Assoc. Santuário Rancho dos Gnomos


Fontes:

http://www.fernandosantiago.com.br/toxoplas.htm

http://www.ranchodosgnomos.org.br/boletim/bonus5.htm


 

 

GatoVerde em defesa dos Direitos Animais